Cipa do PO700 promove palestra sobre saúde mental, bem-estar, felicidade e autocuidado no trabalho
foto Alberto Ruy
Logo no início, Dr. Ulysses trouxe uma
reflexão sobre como, historicamente, a saúde mental foi envolta em preconceitos
e estigmas. “Hoje, felizmente, cuidar da mente deixou de ser motivo de vergonha
e passou a ser um ato de autocuidado, coragem e inteligência emocional”,
destacou.
De forma descontraída e acessível, ele
explicou como o estresse constante no ambiente de trabalho impacta diretamente
a saúde física. “Quando você está correndo, lutando, ansioso para resolver uma
demanda, o seu corpo produz cortisol, que antagoniza a insulina. Isso gera
picos de glicemia. Só que, quando esse pico vira uma constante, isso se
transforma em uma doença: diabetes tipo 2”, alertou.
foto Alberto Ruy |
Para ele, o conceito de saúde mental
está diretamente ligado ao equilíbrio. “Quem não gosta de umas férias? Saúde
mental começa no bem-estar, e o bem-estar no trabalho é fundamental. Isso nos
torna mais criativos, mais produtivos e, principalmente, mais felizes”,
reforçou.
O psiquiatra também destacou que a
palavra “trabalho” tem origem no latim tripalium,
um instrumento de tortura, remetendo ao sofrimento. “Mas existe o sofrimento
que adoece e o sofrimento criativo. Cabe a cada um e às lideranças entender
essa diferença e criar ambientes mais saudáveis”, completou.
Durante sua fala, ele também destacou
alguns sinais de que é hora de procurar ajuda profissional, como a falta de
prazer nas atividades, cansaço extremo, irritabilidade constante, alterações no
sono e na alimentação, além de dificuldade de concentração. “A saúde mental
precisa ser cuidada como qualquer outro aspecto da nossa saúde. E procurar
ajuda é, sim, um ato de inteligência e autocuidado, não de fraqueza”, afirmou.
A surpresa: alegria
também é coisa séria
Quando todos pensavam que a palestra
havia chegado ao fim, uma surpresa: Dr. Ulysses apresentou Thais Alfaya,
enfermeira obstetra do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Conhecida como
a “enfermeira da alegria”, ela trouxe uma reflexão profunda, e bem-humorada,
sobre o que significa, de fato, ser feliz.
Thais compartilhou experiências do seu
projeto, que virou tema de seu mestrado e, futuramente, também será tema de
doutorado. “Felicidade é assunto sério. Alegria não é aquela felicidade fake do
Instagram, cheia de filtros e fotos sorrindo, mas um estado de bem-estar
genuíno, que nasce de pequenas atitudes diárias”, explicou.
Ela arrancou risadas dos colaboradores
ao contar sobre sua viagem para Fernando de Noronha. “Todo mundo posta aquelas
fotos lindas da praia, mas esquecem de contar que o suco custa R$ 35, que você
desce uma ribanceira de milhões de degraus, e que no mar tem tubarões. A vida
real não é aquele feed editado e tudo bem!”, brincou, provocando reflexões
importantes.
Para Thais, felicidade começa no
simples: “Se olhar no espelho, pentear o cabelo, tomar um café da manhã,
escovar os dentes... são gestos de autocuidado que ajudam você a começar bem o
dia e a levar isso para o seu trabalho e para as pessoas ao seu redor, felicidade
é coisa séria. Saúde mental também. E falar sobre isso salva vidas”, pontuou.
Um impacto que ficou no olhar
O impacto das falas foi visível. No
encerramento, o silêncio tomou conta da sala em comum. “Quando abrimos para
perguntas, ninguém se manifestou. As pessoas estavam simplesmente reflexivas,
paralisadas, absorvendo tudo aquilo”, contou um dos organizadores da Cipa.
A vice-presidente da Cipa, Juliana von
Sperling, destacou que proporcionar esse tipo de encontro faz parte de um
compromisso das atribuições formais da comissão. “Nosso objetivo é cuidar das
pessoas de forma integral, e isso inclui o emocional. Quando pensamos em trazer
esse tema, foi justamente para promover uma reflexão que vá além do trabalho,
que toque a vida das pessoas. E, pelo que vimos aqui hoje, conseguimos esse
impacto. Isso é muito gratificante”, afirmou.
Ela reforça que a Cipa segue
comprometida em promover mais encontros que façam diferença na vida dos
colaboradores. “Queremos que cada pessoa que passe por aqui se sinta cuidada,
valorizada e acolhida. Esse é o nosso propósito”, completou Juliana. E enfatizou:
“Saúde mental não é luxo, é necessidade. E quando falamos sobre isso no
ambiente de trabalho, estamos, na verdade, investindo no bem-estar, na
produtividade e, principalmente, na vida das pessoas.”
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