Operação
 é possível desde 2006, mas ainda é pouco conhecida. Em um financiamento
 de R$ 250 mil feito em 2016, é possível economizar quase R$ 75 mil que 
seriam pagos em juros
A
 portabilidade de uma linha telefônica já é um procedimento bastante 
popular e corriqueiro no Brasil. O que muita gente ainda não sabe é que 
também é possível realizar a portabilidade de um financiamento 
imobiliário. Regulamentada em 2006 pelo Banco Central, essa opção se 
tornou bastante atraente durante a pandemia do novo coronavírus, marcada
 pela redução significativa nas taxas de juros.
Embora o uso 
desse benefício esteja aumentando, a estimativa atual do mercado é de 
que cerca de 500 mil financiamentos imobiliários ainda pagam mais de 10%
 de juros e são potenciais interessados na portabilidade.
“O fato
 de muitas pessoas ainda desconhecerem essa possibilidade impede que o 
volume de pedidos alcance a maior parte deste grupo”, observa Ricardo 
Teixeira, especialista imobiliário e diretor da URBS Imobiliária, que 
acrescenta: "Apesar de o Banco Central ter aumentado a taxa básica de 
juros, a Selic, em 0,75% ao ano recentemente, os juros ainda continuam 
baixos e as pessoas podem obter vantagens ao usufruir deste benefício, 
sempre que a portabilidade significar economia para o bolso.”
De 
acordo com balanço oficial do Banco Central, os pedidos de portabilidade
 de crédito imobiliário tiveram um grande salto a partir de 2020. De 
janeiro a abril de 2019, o órgão registrou apenas 2.382 pedidos, 
enquanto que, no mesmo período do ano passado, alcançou 10.566 pedidos -
 alta de 343% na comparação com o ano anterior. Durante os 12 meses de 
2020, R$ 6,2 bilhões em financiamentos imobiliários trocaram de mãos no 
sistema financeiro - uma alta de 280% na comparação com todo o ano de 
2019.
A portabilidade de financiamento é uma opção interessante 
principalmente para os mutuários que contraíram o crédito nos dois 
ciclos mais recentes de alta considerável da taxa Selic: entre 2010 e 
2011, quando a taxa chegou a superar os 12% ao ano, e em 2015 e 2016, 
quando ultrapassou o patamar de 14% ao ano. Na última revisão da taxa 
pelo Comitê de Política Monetária (Copom), em maio de 2021, a Selic foi 
fixada em 3,5% ao ano, mantendo o índice abaixo dos 3,75% - tendência 
que se iniciou em maio do ano passado.
Ainda segundo o Banco 
Central, os financiamentos portados conseguem descontos médios de 2,99% 
na taxa de juros. No caso de um imóvel de R$ 250 mil que teve 80% de seu
 valor financiado em 2016, quando a Selic estava em 14,25%, uma 
portabilidade para condições alinhadas à Selic atual, em 3,5%, pode 
significar redução de R$ 685 em cada parcela e redução de quase R$ 75 
mil no valor total pago. 
Como fazer
O
 pedido de portabilidade deve ser feito ao gerente do banco para o qual o
 cliente pretende migrar o financiamento. O banco de destino entra, 
então, em contato com a instituição de origem para solicitar os dados do
 financiamento - trâmite que deve ser concluído em até cinco dias úteis,
 segundo resolução do Banco Central.
Outro caminho é buscar uma 
renegociação com o próprio banco para diminuir a taxa de juros, diante 
da possibilidade de se fazer uma portabilidade. O especialista em 
mercado imobiliário Ricardo Teixeira afirma que o banco de origem pode 
fazer contrapartidas para manter o cliente. Esse tem sido o desfecho 
mais recorrente: segundo estimativa da Fundação Getúlio Vargas, cerca de
 80% dos pedidos de portabilidade são concluídos com a permanência do 
mutuário no banco de origem, a partir da oferta de taxas melhores para 
que o cliente desista do procedimento.
Mas nem sempre as taxas de
 juros mais baixas são suficientes para gerar economia e justificar a 
mudança, diz Ricardo Teixeira, ao recomendar que, antes de se fazer o 
pedido de portabilidade, “é necessário fazer contas e levar em 
consideração o valor que será diminuído em cada parcela e também qual 
será o corte no valor total do financiamento”.
É importante que o
 mutuário consiga identificar o Custo Efetivo Total (CET) da operação. 
Esses custos variam de banco para banco, incluem despesas como seguros 
obrigatórios, taxas de cadastro do banco e o registro em cartório, que 
geralmente varia entre 0,5 a 1% do valor total do imóvel. Se a economia 
total com os juros do novo banco for inferior ao CET, já não há vantagem
 alguma em fazer a mudança de instituição.
Nesta projeção, é possível identificar uma economia de quase R$ 75 mil 
na comparação entre um financiamento realizado quando a taxa Selic 
superava os 14,25% e no patamar de 3,5%, em maio de 2021:
.gif)

 
  
 .gif)


