Não vacinar põe crianças em risco e pode resultar em penalidade aos pais

Apesar de grupos defenderem o fim das vacinas, para a medicina elas ainda são importantes para a erradicação e controle de doenças

No Brasil, desde 1804 a vacinação tem sido incentivada por médicos e pelo governo. Neste período algumas doenças foram erradicadas e a quantidade de vacinas dadas gratuitamente aumentou. Mas tem surgido também grupos de pessoas recriminando esta alternativa para prevenção de doenças e negando-se, inclusive, a vacinar seus filhos.

De acordo com a pediatra Isabela de Jesus, o brasileiro é vacinado desde que nasce. É seguido o calendário vacinal do Ministério da Saúde, que contém as vacinas que “são liberadas pra todo mundo. Porque tem aquelas outras que são pagas, que não deixam de ser importantes, mas que o governo não subsidia”.

Isabela afirma que hoje doenças como varíola e sarampo estão erradicadas no Brasil graças às campanhas de imunização. Mas há os que enxergam a vacina como vilã e questionam esta informação. Há vários blogs e grupos no Facebook antivacina. Jorge Aramuni é administrador de uma dessas comunidades: o “Vacinas: o maior crime da história”. “Toda a história contada pela indústria farmacêutica de que suas vacinas ‘erradicaram doenças’, ou ‘salvaram milhões de vidas’ é falsa. Total e completamente falsa”, garante. Ele é empreendedor digital e diz que estuda e pesquisa o tempo todo. Um dos posts feitos no seu grupo do Facebook mostra um álbum com 250 bebês. Jorge acredita que eles foram “mortos pelas vacinas. Os que não morreram, estão em processo de instalação de doenças autoimunes, inflamação aguda dos neurônios, que leva ao autismo em grande número de casos, e uma infinidade de outras consequências”. Jorge não tem filhos, mas garante que, quando for pai, não vai permitir a vacinação.

Como tudo começou

A pediatra Isabela conta que este movimento teve início com a publicação de um estudo pelo médico britânico Andrew Wakefield, na revista científica The Lancet, no Reino Unido, em 1998. A pesquisa era sobre 12 crianças e dizia que as vacinas estavam induzindo ao autismo. “Só que foram 12 crianças. Um número muito pequeno comparado à quantidade de gente que toma a vacina”, diz. Além disto, a médica esclarece que pessoas com doenças autoimunes apresentam problemas com vacinas, mas “o autismo não tem nenhuma característica de doença autoimune pra justificar”. Posteriormente, o estudo foi revisado e o médico caçado. A revista retratou-se e “você não acha mais o estudo no Lancet. Só que o estrago está feito”, constata Isabela.


Não vacinar tem consequências legais

Legalmente, a decisão de não vacinar os filhos tem consequências. O advogado Filipe Mendes diz que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) classifica como obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Para quem descumpre, são previstas sanções. A pena conforme o artigo 249 do ECA é multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Apesar da liberdade dos pais na educação de seus filhos, Filipe alerta: “neste caso, o interesse coletivo está acima do interesse individual. Os pais não podem deixar de cumprir uma obrigação por acharem que a vacina trará algum malefício ao seu filho. É preciso atender ao chamado do Estado para evitar uma propagação de uma doença por toda uma população”.

Assim como ocorre com medicamentos, vacinas podem causar reações, mas o Ministério da Saúde em seu site confirma que elas são seguras e “os benefícios da imunização são muito maiores que os riscos dessas reações temporárias”. Isabela diz que no Brasil quase todo mundo é vacinado e “aquele um que não é vacinado se beneficia dos outros porque o vírus não circula”. Ele também é beneficiado porque algumas vacinas se disseminam, como a da poliomielite que é eliminada nas fezes e sai na água, e “mesmo quem não toma a vacina fica imunizado”.

Se uma pessoa não imunizada viaja e traz um vírus de outro país, não ocorrem grandes problemas porque poucas pessoas não são vacinadas. Mas “se ficar muita gente sem vacinar, quando entra em contato e não tem imunidade é uma catástrofe”. O site do Ministério da Saúde também alerta que as doenças podem voltar e “pessoas não vacinadas, portanto, podem ser a porta de entradas de doenças eliminadas no Brasil”.

Portal Cidades e Condomínios por Adelair Almeida

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